sábado, 30 de setembro de 2017

Sobre certos auto-afirmados benfiquistas


Há por aí blogs de certos auto-afirmados benfiquistas nos quais o rancor, o ódio e o ciúme perante tudo o que é, quer ser e deve ser o Benfica são bem mais virulentos e destrutivos do que aqueles que vivem nas páginas das redes sociais a cargo dos arautos da Famigerada Aliança. E foi certamente um desses ditos benfiquistas - verdadeira quinta coluna dos adversários - quem gravou e pôs a consumo público o que se passou na Assembleia Geral. Dividir os benfiquistas a todos os níveis, instalar entre eles a contradição, deitar abaixo o futuro das modalidades do clube : eis o objectivo final, disfarçado de crítica necessária.

A técnica dos espertos de saldo


A técnica é simples: procuramos meia dúzia de mauzões no clube para explicar os maus resultados no futebol, criamos um pseudo inquérito, fabricamos uns tantos quesitos e depois pedimos aos leitores que assinalem com uma cruz os culpados. O primeiro quesito é do género: Luís Filipe Vieira/Domingos Soares de Oliveira; o segundo é este: Rui Vitória. E por aí fora. Tudo coisas à mão de semear. Finalmente divulgam-se os resultados de forma eufórica e escreve-se algo como: eis o que pensam os benfiquistas. Esta é a técnica pretensamente estatística dos espertos de saldo.

O problema principal

Enquanto prossegue a múltipla e agressiva radiografia dos problemas do Benfica a cargo de Famigerada Aliança, dos benfiquistas arrependidos e dos falsos benfiquistas, está ainda por fazer e avaliar o impacto das críticas nos jogadores, o impacto do tsunami agressor, os curto-circuitos psicológicos.
Sem dúvida - queiram uns, neguem outros - que estamos perante um claro conjunto de tentativas de vários tons para aplicar o ko definitivo ao Benfica. Porque, convenhamos, o problema principal não está em Vieira ou em Vitória, o problema para os linchadores está no Benfica e na espessura do seu prestígio.
Mabecos só atacam em grupo para ferrar nas canelas do fortes.

Um sopé e não uma montanha

Durante mais de dois anos Rui Vitória foi herói, ganhou quase tudo o que importava ganhar. Foi mesmo considerado o melhor treinador de Portugal. Agora, face a percalços futebolísticos, caem-lhe em cima. De herói passou a Derrota, a quase vilão, a treinador a expulsar. Ignaras são as mentes quando para elas a história é um momento e não um processo; um degrau e não uma escadaria; um sopé e não uma montanha. E assim prossegue o ataque múltiplo e feroz ao Benfica, da Famigerada Aliança, de benfiquistas arrependidos e de falsos benfiquistas. Leiam as redes sociais para se aperceberem da magnitude do fenómeno. Benfica é alvo a abater. Claramente querem abater a águia soberana com o falso pretexto de que é preciso sempre ganhar.

Adeptos das rapidinhas

Eis um novo blogue dedicado ao benfiquismo crítico mas inclusivo.
Pelo que observo na imprensa digital e nas redes sociais, abunda um derrotismo veemente um pouco por todo o lado. Benfiquistas arrependidos fazem coro e dão mãos aos adversários da Famigerada Aliança. Um pouco por todo o lado a mensagem que passa é apocalíptica. Os adversários querem o Benfica tombado, benfiquistas arrependidos e falsos benfiquistas querem contribuir no deita-abaixo. A fé e a esperança parecem ter emigrado das hostes benfiquistas. Não são poucos aqueles que atiram cadeiras digitais para a direcção do Benfica. Querem linchamentos mediáticos, têm pressa catártica, querem sangue, querem funerais. Em lugar de pensarem no futuro, estão congelados no presente. Dissabores momentâneos são para eles dissabores do futuro. São, afinal, iminentes adeptos das rapidinhas.
Como devem estar felizes os actores da Famigerada Aliança!

No blog "Papoila Saltitante"

Os novos Velhos do Restelo

Sob direcção de Luís Filipe Vieira, o Benfica iniciou um amplo programa de modernização no Seixal, que irá incluir a componente universitária. Pouco a pouco a marca Benfica internacionaliza-se, o clube ganha prestígio
Tão grande é o prestígio que o centenário e ganhador clube está a ser atacado em duas frentes: a frente externa exemplicada pelo Porto e pelo Sporting e a frente interna exemplificada por pessoas escudadas em pseudónimos. Esta frente interna é o perfeito resgaste da velha imagem camoneana dos Velhos do Restelo.
Qual o alvo dos agora aliados Porto/Sporting? O tetra do Benfica, o percurso para o Penta? Certamente um pouco disso. Mas o seu alvo central é o múltiplo plano de modernização, é o prestígio multilateral e crescente do Benfica, é o crescimento sem pausa do Benfica, é a sua capacidade para domesticar o mercado internacional, é a solidificação da sua marca. Por isso o atacam diariamente, das mais variadas maneiras, ferrando como fazem os mabecos da savana africana, atacando em grupo. Eis por que Porto e Sporting se aliaram e mabecam sem mercê. O Benfica é demasiado grande e criador para lutarem de per si.
Os ataques são de uma severidade enorme, cheios de ódio tribal, primitivo, gente há que nem dorme a pensar e a atacar o Benfica em sua hostilidade obsessivo-compulsiva. É esse ódio que lhes permite escamotear, em parte, os seus problemas, a sua pequenez, a sua mediocridade.
Mas, coisa espantosa, em seu enorme e ilimitado ódio os agora aliados acabam, afinal, por amar o Benfica. Na verdade, o ódio é, freudianamente, uma prova de amor. Sem o Benfica não existiam nem existem. Amor, queiram ou não, pelo sangue vermelho do Benfica, sangue deles também, amor-inveja pelo soberano e altaneiro voar da águia.
Mas, como observei já, o Benfica não é só atacado pelos externos, mas, também, pelos internos sem rosto que não dizem quem são. Estes últimos formam os novos velhos do Restelo. E são tão severos e intolerantes quanto os seus ditos inimigos. Qual o conjunto dos alvos dos novos velhos do Restelo? Os novos velhos do Restelo atacam o Benfica - o Benfica que asseguram ser seu - em seis frentes, a saber: [1] a frente dos ditos maus resultados, [2] a frente da dita ausência de reforços, [3] a frente do que chamam sportinguização, [4] a frente das vendas de jogadores face a um passivo suposto não melhorar, [5] a frente anti-modernidade em curso no Seixal e [6] a frente do que chamarei anti-vieiraismo.
Atacando em seis frentes, os novos velhos do Restelo ampliam a política de terra queimada levada a cabo pelos teneurs dos inimigos externos. É como se, assim fazendo em sua fúria, baixassem afinal a ponte levadiça do castelo para dar entrada àqueles que - dizem, veementes - querem impedir de entrar. Os novos velhos do Restelo lamentam o futuro, vituperam o futuro, é como se encarnassem o anjo do "Angelus Novus" de Paul Klee que, segundo Walter Benjamin, apenas via ruínas na estrada do progresso.
Sobre a primeira frente, a dos maus resultados: os novos velhos do Restelo habituaram-se às vitórias, aos obstáculos vencidos, às manchetes dos triunfos. O mais pequeno lapso, a mais pequena escorregadela, é suficiente para pedirem o linchamento imediato do presidente, do treinador e dos jogadores. Em suas veementes críticas entendem - seres divinos que se julgam - saber mais do que todos. Jamais entenderão que tudo é processo com altos e baixos, com subidas e descidas. Em sua raiva linchatória e ingrata, jamais entenderão que o Benfica sempre chega ao cimo no momento em parece estar a descer. Toda a águia vê e analisa o mundo lá no alto, no cimo.
Sobre a segunda frente, a dos reforços. Fascinados com os reforços do Sporting - eles, que condenam a dita suportinguização do Benfica -, entendem que as vitórias só podem ser obtidas com a inclusão de jogadores caros, com prestígio. Jogadores da formação, equipa B, processo de formação e selecção criteriosa, Seixal em pleno e aumentado funcionamento - tudo coisas que requerem tempo e cuidado -, nada disso lhes interessa. O que lhes interessa é o Benfica não perder, é o Benfica imediato, instantâneo, é o Benfica vitorioso pronto a consumir, é o Benfica estar "reforçado" com as estrelas deles, estrelas dos novos velhos do Restelo. Por isso chegaram à conclusão de que o clube está a arder, que o clube é vítima de um tsunami, que o Benfica colapsou. Assim vão dando mão e razão aos "inimigos" externos.
Passemos à terceira frente visada pelos novos velhos do Restelo: a sportinguização. "O que passa-se?" Passa-se que esse novos velhos do Restelo chegaram à conclusão de que o Benfica está a tornar-se uma extensão do Sporting, uma casa do Sporting. A agregação de quadros que trabalharam para o Sporting significa, para os catastróficos do Restelo, o fim do Benf. Os intrusos são vistos como cavalos de tróia de Luís Filipe Vieira. Não importa se possuem qualidade, honestidade e competência para gerir, o que importa é que são do Sporting, são leões perigosos, são invasores. Aqui está o princípio básico do tribalismo primevo, do semáforo tribal: o verde para uns, o vermelho para outros. É a teoria da substância impoluta. Nem querem saber se a modernidade transfronteiriça ganha pelo Benfica tem a ver como o actual CEO, tal como não querem saber se a formação do Benf vai ainda ser mais acuante e cientificamente moderna com a agregação de um professor universitário conceituado que não é "dr pequeno", mas "Doutor" por extenso. Os novos velhos do Restelo vivem da substância unívoca, pura, fruto de geração espontânea.
Passemos à frente das vendas de jogadores face a um passivo suposto não melhorar. O que realmente se sabe sobre o destino das vendas de jogadores (essas modernas mercadorias) e sobre o passivo? O que se sabe para além de lugares-comuns habitados pela preguiça, pelo ciúme, pela raiva e pela ausdência de pesquisa séria e cientificamente conduzida? Já entraram em contacto com o CEO? Já tomaram real contacto com as obras em curso e a vir no Seixal? Já se interrogaram sobre por que possuem o mesmo discurso passivamente passivo sobre o passivo que habita o discurso da cabeça de Janus que é o PortoSporting? Os novos velhos do Restelo convenceram-se de que o passivo se despassiva num ápice com alguns milhões de dólares. O seu único fito consiste em defender que o muito dinheiro ganho com a venda de jogadores devia ser fundamentalmente aplicado no reforço - à Sporting - da equipa. Reforçar e ganhar de imediato: eis o pensamento Fórmula 1, à pressão, dos novos velhos do Restelo. Se assim não acontecer - vaticinam - é o fim do Benfica.
Passemos à quinta frente de combate dos novos velhos do Restelo: a modernidade do Seixal. Na verdade, criticam o que está em curso no Seixal, criticam o que se espera venha a ser construído futuramente no Seixal, criticam o sonho de uma universidade, criticam o sonho de uma formação superior, cientificamente erguida e gerida. O futuro Seixal poderá ser um empreedimento único no mundo. Estou certo de que será. Apostar na formação superior, Benficar a formação universitária, é coisa que não cabe na tribal alma dos novos velhos do Restelo, convencidos de que aí reside a débâcle das históricas águias soberanas.
E, finalmente, a sexta frente: a da luta contra Luís Filipe Vieira. Queiram ou não, foi com o consulado dele que o Benf voltou a ser a águia soberana, aquela que do alto vê bem melhor do que outrem. É com o consulado dele que a o Benfica continuará a crescer. O futuro das águias soberanas depende não do lateral esquerdo em falta, do guarda-redes por solidificar, da idade do Luizão, dos jogadores flops e por aí fora. O futuro das belas e soberanas águias invencíveis depende do Seixal. Seixalemos, então, sempre, com muito dinheiro, o nosso Benfica destribalizado e cientificamente cada vez mais formador. Desporto não se constrói produzindo inimigos e sangue e ódio.