terça-feira, 24 de abril de 2018

Assim nasceu o clube do Pátio das Cantigas

O Complexo da Lagartada.

O complexo dos lagarto já vem de longe. Ficou-lhes implantado no ADN desde o berço.
Depois de uma briga, o Sporting fundou-se sem nome, apenas para “indivíduos de boa sociedade”.

Em Lisboa, na altura estava em voga as “Party Garden”. A do Campo Grande Sporting Clube saltou para a ribalta por causa dos jogos de futebol e críquete mas também de “senhorinhas da melhor sociedade” que corriam 50 metros antes do piquenique, do chá e das danças de salão. Tudo muito fino, tudo com o mindinho ao alto.

Mas havia muita gente que achava que eram festas a mais e desporto a menos. Como marialvas de sangue azul que eram, queriam mostrar que também eram homens másculos.

Depois de uma briga e de mosquitos por cordas, José de Alvalade afirmou, “por mim acabou, vou ter com o meu avô e ele me dará dinheiro para fazermos outro clube, um clube para o sport, mais sport”.
Assim começou o Sporting Clube de Portugal, que começou como Campo Grande Sporting Clube. Só mudou para o nome actual em 1920. Mas não mudou de ano de fundação. Coincidências do caraças!

O artº 1 dos estatutos estabeleciam que apenas podiam pertencer-lhes, “indivíduos de boa sociedade e conduta irrepreensível”. Só gente de “alto gabarito”, portanto.

Com o dinheiro do avô rico, o clube não tardou a ter campo mas não tinha o principal, não tinha jogadores, nem equipa!!

O que fez o invejoso José de Alvalade? Foi roubar os jogadores ao Sport Lisboa, o antecessor do Glorioso Benfica.

Algo que ficou desde logo implantado no ADN do clube e algo que eles nunca mais deixaram de ser, invejosos e ladrões.

Como o conseguiu? Cantando a canção do bandido. Ofereceu aos jogadores do Sport Lisboa campo para treino e jogo, oferecendo balneário com banho quente, bolas novas, duas camisolas por jogo, para o caso de chover e, no fim de cada jogo, chás dançantes com as senhoras mais ilustres da sociedade lisboeta. Impossível de resistir. Sete jogadores mudaram de clube.

Ficou célebre a frase de Cosme Damião, “O Sporting tem dinheiro. Nós temos dedicação. No imediato o dinheiro vence a dedicação. No futuro, a dedicação goleia o dinheiro”.

No 1º jogo que fez, o Sporting perdeu 5-1. Começando assim uma tendência que se tem vindo a acentuar desde então, “jogar como nunca, perder como sempre”.

O Sport Lisboa, antecessor do SLB, foi fundado a 28 de Fevereiro e escolheram as cores vermelho e branco, por “traduzir alegria, vivacidade, ser fonte de entusiasmo”, e como símbolo a Águia, “por significar a elevação de propósitos, espírito de iniciativa e ânsia de subir o mais alto possível”.

O 1º jogo que o SCP fez com o Sport Lisboa não jogaram nada mas ganharam 2-1, graças a algum acaso e a um auto golo. 
Com o jogo empatado e com toda a gente à espera da vitória do Sport Lisboa, abateu-se uma bátega de chuva. Num campo encharcado a bola não rolava. 

Os jogadores do Sporting abandonaram o campo, demasiado finos para se molharem. Refugiados no balneário, esperam até que o árbitro os obriga a entrar em campo contra a sua vontade (“tinham medo de se constiparem”, dizia-se). 

Os jogadores do Sport Lisboa, que tinham ficado em campo a apanhar chuva, enregelaram, perderam a energia e o Sporting aproveitou para marcar um golo (auto golo de Cosme Damião).

A crónica da época dizia, “O Sporting jogou brutalmente. Os seus jogadores cometerem irregularidades em barda, sobressaindo Albano dos Santos um jogador muito perigoso”.

Muito perigosos!! Mas sempre diferentes!!
Foi tudo uma questão de ADN.

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