sábado, 19 de maio de 2018

O látego do Mestre Ubu


O que se passou em Alcochete nada tem de surpreendente. Tal como nada tem de surpreendente a rede de corrupção descoberta no SCP. Em ambos os fenómenos o papel jogado pelo Mestre Ubu foi e continua a ser decisivo.
A violência punitiva posta em acção na academia do SCP por adeptos extremistas de uma claque do clube pode, claro, ter raízes extensas. A história costuma ter causas distantes e próximas. Por exemplo, pode-se aventar que, por "contágio emocional", os antigos discursos incendiários do nascimento da era do Padrinho da máfia fruteira - da era de Pinto da Costa, portanto - estavam embutidos no terrorismo da Juve Leo praticado em Alcochete. Embutidos como? Através da segunda geração de discursos incendiários do aliado do Padrinho na Famigerada Aliança, o Mestre Ubu - da era de Bruno de Carvalho, portanto. Temos, assim, dois tipos de eras que se fundiram nas acções dos energúmenos da Juve Leo.
Há muito que o Mestre Ubu incendiava a atmosfera. Primeiro, criou um inimigo permanente, desalmada, imoral e criminosamente tratado: o Benfica. Depois, criou uma rede de corruptores. Discursos de ódio e compra subterrânea de resultados (o Padrinho iluminando o Mestre) aqui e acolá serviram de êmbolo à criação da imagem castrense, publica e sistematicamente difundida, de um SCP vencedor e impoluto. Os adeptos do SCP acreditaram que a parúsia acontecera, Mestre Ubu encarnava a segunda vinda de Cristo. Anos e anos sem ganhos significativos fizeram do Mestre Ubu o salvador chegado no momento certo.
Porém, a partir de Abril deste ano, Mestre Ubu transferiu parte dos discursos incendiários para dentro do SCP, para a equipa de futebol de onze. Entendeu que os jogadores poderiam ter feito melhor jogo em Espanha, tratou os jogadores de forma depreciativa. E em reunião ameaçou-os - eles, que tinham exigido um pedido de desculpas ao presidente - com represálias de membros das claques. Assim se criou a dissensão interna. A derrota com o Marítimo agravou o estado de espírito do Mestre, as diatribes aumentaram, a violência verbal tumultuou. 
O Mestre já não atacava apenas o Benfica, os seus próprios jogadores tornaram-se alvo. Mas não só: tirano, autista, sofrendo claramente de Transtorno de Personalidade Histriónica, decidiu que os sportinguistas apenas deviam ler notícias dimanadas pela informação do clube. Assim, Mestre Ubu virou os seus canhões igualmente para os jornalistas, jornalistas que, agora, não lhe perdoam, fazendo dele o eixo de um jornalismo de denúncia moral permanente sem paralelo na história desportiva portuguesa.
As agressões terroristas de Alcochete e a descoberta de uma rede de corrupção no andebol e no futebol (falta apurar se em mais modalidades) pertencem a uma mesma ambiência com dois fenómenos irmanados: o da produção de ódio e violência e o da produção de vitórias não olhando a meios.
Em ambos os casos, Mestre Ubu é o êmbolo, o proprietário moral e histórico do látego, zurzindo gente e resultados desportivos maus. A esta hora já devia estar detido. Enquanto isso, inventou uma nova teoria conspiratória, teoria clássica na história das tiranias: a de que o SCP está a ser vítima de uma conspiração interna e externa. 

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