Abafar o Apito Dourado
O subdirector da Polícia Judiciária do Porto que supervisionava as investigações do processo Apito Dourado, Reis Martins,pagou caro por não ter travado o trabalho da brigada que tratava do caso durante as averiguações a Pinto da Costa.
O dirigente da PJ teve a vida privada e profissional devassada, a ponto de ficar sem condições para se manter no cargo, antecipando por isso a sua aposentação.
Ao longo de meio ano, entre a primeira e a segunda fases do caso Apito Dourado, pessoas próximas do presidente do FC do Porto acreditavam que Reis Martins teria a incumbência de abafar o processo da corrupção no futebol,quando o então director nacional da PJ,juiz Adelino Salvado, o incumbiu de coadjuvar naquele processo o novo director da PJ do Porto, Ataíde das Neves.
Reis Martins, contudo, deu todo o apoio à equipa que investigava o caso. Foi ele quem concordou com as buscas a casa de Pinto da Costa. As investigações incluíram duas buscas à Câmara de Gondomar presidida por Valentim Loureiro.
Numa conferência de imprensa convocada para debater as incidências do processo na gestão autárquica de Gondomar, Ricardo Bexigasublinhou que à transferência dos dois principais investigadores do caso para Cabo Verde e França se soma agora a substituição da juíza responsável pelo inquérito, Ana Cláudia Nogueira.
“O PS de Gondomar estranhou a substituição da juíza. Os socialistas disseram que "há claros indícios de que alguém quer matar o processo". O presidente do PS de Gondomar, Ricardo Bexiga, disse estranhar a substituição da juíza do caso "Apito Dourado",afirmando que Paulo Abreu Costa, o juiz que vai substituir Ana Cláudia Nogueira no processo, no âmbito do movimento anual dos juízes, é filho do assessor de Valentim Loureiropara a área jurídica na autarquia local e irmão do fiscal municipal de obras na mesma Câmara.
Numa conferência de imprensa convocada para debater as incidências do processo na gestão autárquica de Gondomar, Ricardo Bexiga sublinhou que à transferência dos dois principais investigadores do caso para Cabo Verde e França se soma agora a substituição da juíza responsável pelo inquérito, Ana Cláudia Nogueira.
"O juiz que vai substituiu Ana Cláudia Nogueira [no âmbito do movimento anual dos juízes] é Paulo Abreu Costa, filho de João Araújo Costa, assessor para a área jurídica de Valentim Loureiro na Câmara de Gondomar, e irmão de Nélson Costa, fiscal municipal de obras na mesma autarquia", adiantou Ricardo Bexiga.
O líder do PS de Gondomar acrescentou que Paulo Abreu Costa é "um juiz muito jovem que estava colocado no Tribunal de Menores de Braga e que tinha indicado o Tribunal de Gondomar em 61º lugar na sua lista de preferências em caso de transferência”.
“Há claros indícios de que alguém quer matar o processo, com movimentações que põem em causa a independência da justiça", disse Ricardo Bexiga. "Esta situação põe em causa a independência da magistratura", afirmou Ricardo Bexiga, acrescentando que compete agora ao Conselho Superior da Magistratura "explicar as razões deste movimento".
“FUI PERSEGUIDO” (Procurador Carlos Teixeira)
Carlos Teixeira, procurador, chegou a ter protecção policial durante o período (Abril de 2004) em que foram detidos vários arguidos do processo Apito Dourado.
Durante a fase de investigação do processo Apito Dourado foi alvo de algum tipo de perseguição?
Carlos Teixeira: "Em 2004 fui perseguido duas vezes. Perseguições de automóvel. Foram ambas nas ruas de Gondomar, onde resido. Reportei essa situação à minha hierarquia [o actual procurador-geral distrital do Porto, Pinto Nogueira].
Teve protecção policial?
CT - Sim, durante pouco mais de uma semana, em Abril de 2004 [altura em que foram detidos vários arguidos do processo Apito Dourado, caso de Valentim Loureiro]. Depois considerei que não valia a pena. Não dei qualquer importância a essa situação.
As perseguições de que falou aconteceram antes ou depois de ter dispensado a protecção policial?
CT - Algum tempo depois.
Reconheceu a pessoa que o perseguiu?
CT - Na segunda vez que fui perseguido, reconheci-a perfeitamente.
É arguido no processo Apito Dourado?
CT - Não posso falar sobre isso. Digo, apenas, que reconheci o indivíduo, apesar de ele ter tentado esconder a cara com o braço quando parei o meu carro ao lado do dele.
Chegou a falar com esse indivíduo?
CT - Não. Encostei o carro ao lado do dele para ver se ele me enfrentava. E olhei para ele. O indivíduo tentou esconder a cara com o braço. Depois fui-me embora e ele veio atrás de mim.
Alguma vez sentiu que teve a integridade física em risco?
-
CT - Não.
A sua família também chegou a ser importunada?
CT - Que eu saiba, não.
Conhece outras pessoas - juízes, magistrados do Ministério Público ou inspectores da PJ - que intervieram no processo Apito Dourado que tenham sido perseguidas?
CT - Sei que aconteceram algumas coisas a outras pessoas, mas não vou dizer o que sucedeu nem quem são.
Chegou a ter medo?
CT - Não. Nunca deixei de fazer o que tinha de ser feito
Juízes espiados por detectives privados
Os magistrados do processo «Apito Dourado» foram submetidos durante meses em 2004 e 2005, à vigilância de detectives privados, visando a sua vida privada e familiar, incluindo a orientação sexual, informa hoje o Correio da Manhã.
Ao que o jornal apurou, Carlos Teixeira, procurador titular do «Apito Dourado», foi o mais visado, chegando a ser perseguido durante a noite à saída do Tribunal de Gondomar.
As vigilâncias, refere o CM, incluíram dirigentes e inspectores da PJ, além de funcionários judiciais, para tentar condicionar e obstruir a acção dos profissionais da Justiça.
(Um escândalo de proporções gigantescas que envolve políticos, primeiros ministros, maçonaria, juizes, PJ´s, empresários do Porto, banqueiros do Porto, à espera que seja totalmente descoberto e revelado as maquinações que estão por detrás de um dos maiores encobrimentos e silenciamento de um conjunto de crimes cometidos sucessivamente ao longo de dezenas de anos na já longa História de Portugal).
Sem comentários:
Enviar um comentário