terça-feira, 6 de novembro de 2018

O Benfica deles é o momento, não o processo

Exactamente: o Benfica deles é o momento, não o processo; é o futebol de onze da Liga A, não as muitas outras modalidades. São excepcionais praticantes das rapidinhas. O Benfica perdeu alguns jogos e de pronto grita-se aqui d'el-rei, o Benfica está em crise profunda, deponha-se o presidente e o seu elenco, demita-se o treinador, parta-se a casa construída, ergam-se novas e futebolísticas estruturas, comprem-se jogadores caros, a hipoteca não importa, o que é preciso é imediatamente ganhar no futebol de onze. O processo de construção paciente das infra-estruturas do futuro, a formação reiterada, o colégio do LFV? Nem pensar, isso é atraso, é pré-história, é demora, é perda de tempo e de dinheiro. Estudar para quê, formar para quê? Para quê querer fazer o pão caseiro se o mercado ferve de pão já feito, pão de qualidade e com o prestígio da estranja? A receita dos praticantes de rapidinhas está pronta a consumir: o Benfica só sobrevive com uma equipa estruturada no sentido de rebentar canelas à retaguarda, lançar a bola para os avançados panzers do ataque e contar com o recurso em última instância dos árbitros frutados ou ameaçados à moda da máfia de um certo clube deste planeta. Leiam os blogs da quinta-coluna, os comentários dos falsos benfiquistas e dos benfiquistas arrependidos nos facebooks e nos twitters e certos pasquins do frufru: logo verão que futebol de onze é tudo, é apenas momento, instantâneo, golo imediato. O engenho dos praticantes das rapidinhas não dá para mais. 

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